Recordar dos tantos planos que sacrificamos antes mesmos deles nascerem, me entristece, de corpo e alma, e o que me vem agora é esta lágrima a rolar pelo meu rosto, me esforçando para que ela não se torne o pranto de dias que se passaram.
As singelas cartas que você me escrevia, ainda as tenho guardada numa caixa escondida no fundo de meu armário. E quando quero recordar daqueles bons momentos, permito-me abri-la, mas logo a fecho. Não que eu esteja parecendo fraco ou orgulhoso, mas as boas recordações de nós dois tem o enorme poder de se tornar vultos que me assombram, e a cada esquina, cada virada de página, nossos momentos se materializam e regresso a um passado tão distante, que me faz mal saber que não terei mais.
Olhar aquela enorme cama box vazia, só faz recordar dos nossos corpos já não colados, do suor já não compartilhado. Até sinto falta dos seus fios de cabelos que eu encontrava sobre a cama. Da sua roupa amarrotada jogada na mesa do computador.. Da sua bagunça que tinha aqui dentro do meu peito.
Por tantas vezes eu não quis acreditar naquilo de que:
“O destino brinca com a gente”
e o que era doce de ter você aqui por perto, amargou. Nem mesmo seu cheiro me lembro mais, sua voz já é desconhecida, a mesma voz que eu era louco por ouvir em me desejar bom dia todas as manhãs.. Seu olhar perdeu o brilho em minhas lembranças.. E meu coração ofuscou.
Como pode tudo virar saudade, lembranças e meras recordações se o gostoso era te ter por inteira, presente e real aqui junto a mim?
E hoje a saudade bateu a porta mais um vez, e como sempre, meu coração se recusa a impedir você de entrar e me visitar, mesmo que seja por um perfume que eu senti na rua e achei ser o seu ou porque se eu me desligasse totalmente de você, estaria renunciando a um parte de mim, de nós dois."
Por: Josias Gonçalves
